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Na cabeça e no coração, Flamengo encara o Peñarol por mão na vaga na Libertadores

Na cabeça e no coração, Flamengo encara o Peñarol por mão na vaga na Libertadores

Foto: Flávio Veloso

Nunca na história da Libertadores o Flamengo conseguiu vencer as três primeiras partidas da fase de grupos. Para colocar uma mão na vaga nas oitavas e atingir tal façanha, o time de Abel Braga encara o Peñarol às 21h30, no Maracanã, com o desafio de aliar cabeça fria e coração na ponta da chuteira.

Quem dirige o clube entende que há um novo DNA em construção, ou reconstrução, cuja principal característica é a intensidade em campo. Nas palavras de Abel Braga, há um resgate da alma rubro-negra. O algo mais que faltava para a conquista de títulos relevantes.

A nova filosofia, que vem desde a direção, irradiou até os jogadores. E cada um lida com essa exigência da sua maneira. Aí é que vem a cilada, sobre a qual Everton Ribeiro comentou ontem, antes do treino que confirmou a escalação sem surpresas contra os uruguaios.

Segundo o jogador, há um limite tênue entre excesso de vontade e descontrole, que pode gerar cartões e prejudicar a equipe. Sobretudo diante de um Peñarol já famoso por confusões. Felipe Melo, pelo Palmeiras, que o diga. Ficou três jogos suspenso ano passado por brigar com os uruguaios. Flamengo e Peñarol também terminou em pancadaria no último encontro, na semifinal da Copa Mercosul de 1999, em que foi campeão.Em ambientes com o apoio da torcida, o risco aumenta. Sobretudo quando a nação rubro-negra esgota os ingressos, caso de hoje, e vai com mais de 60 mil pessoas ao Maracanã.

— Para perder o controle no campo é rápido, fácil. Fizemos dois bons jogos até agora, controlamos a partida. A equipe está preparada e bem treinada, nos dá confiança para fazer um bom jogo — declarou o meia-atacante, deixando claro que se não for só na bola, o time também está pronto.

— A equipe é técnica, mas se for um jogo mais pegado, de mais luta, estamos aí — completou Ribeiro.

O aviso deve ser interpretado com cautela por Bruno Henrique, expulso duas vezes na temporada. Em jogos de alta tensão, como no clássico com o Fluminense, o atacante não teve a mesma cabeça fria do companheiro — Everton Ribeiro garantiu a vitória em pênalti cobrado no fim. Após a partida, em que houve destempero ainda maior dos jogadores tricolores, os atletas do Flamengo entraram no vestiário batendo nas paredes e com palavras de ordem. A atitude foi bem vista internamente e pelo torcedor. E contrapõe o estigma de passividade colado a boa parte do elenco atual.

Tanto que a diretoria atual afastou o psicólogo que trabalhava com os jogadores da equipe principal. A ideia é trazer outro profissional, mas não há prazo. Sem uma pessoa tecnicamente capacitada, Abel Braga assumiu as vezes de motivador principal do elenco. A história pessoal do treinador tem servido de inspiração no Ninho do Urubu. Já é dado ao comandante um status de grande líder dentro e fora de campo. Tanto no episódio do incêndio no Ninho do Urubu, quando usou o caso do filho morto para dar força aos jogadores, como agora, quando teve uma arritmia coração e ficou internado. Na volta ao trabalho, Abel uniu ainda mais o grupo em torno de si. E em busca do tal algo mais.

— O Abel é um cara importante, está no momento certo no Flamengo. Tem história de vida difícil, mas vencedora. Ele transmite uma força e tranquilidade, para a gente se virar nos momentos difíceis. Dentro e fora de campo — explica Everton Ribeiro, que ganhou a vaga com o treinador por méritos, mesmo após a contratação de Arrascaeta.

— Quando ele chegou, elogiou nossa equipe, o que vínhamos fazendo, mas disse que estava faltando algo a mais para conquistar. Isso estamos buscando a todo momento. Tem feito diferença em campo — completou o jogador, exigindo calma e concentração do time para não se expor diante do Peñarol. O time uruguaio desembarca no Rio depois de bater o Boston River, por 4 a 0, no final de semana, e chegar à segunda colocação do campeonato nacional. Na Libertadores, tem uma vitória e uma derrota.

Gonzalo Gabriel, da Radio Universal, acredita que a mistura entre jogadores jovens e mais experientes é um dos pontos fortes dos uruguaios, que golearam o San Jose em casa e perderam para a LDU no Equador.

— Gargano (volante) quase não perdeu quando esteve em campo. Dawson (goleiro) é um excelente jogador. Tem jovens, como Braian Rodríguez, que estão se destacante bastante — enumerou o jornalista.

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